A rotina de quem decide largar tudo e se aventurar no seu próprio negócio não é nada fácil. Um dos fenômenos mais comuns deste período é chamado de “Empresa de Uma Pessoa Só”, onde quem faz o produto é o mesmo profissional responsável pelo comercial, que também é quem controla o estoque, faz o marketing, cuida do financeiro e realiza todas as atividades para que as coisas aconteçam.

A boa notícia é que na maioria das vezes essas empresas não só sobrevivem como crescem, se desenvolvem e se tornam negócios estruturados e lucrativos. Mas para isso acontecer é preciso muito foco, disciplina e claro, trabalho duro. A seguir nós mostraremos um plano tático seguido de algumas dicas que vão ajudar a estruturar uma empresa para crescer e gerar lucros.

Identifique o problema

Se o negócio já existir há algum tempo e estiver somente gerando receita para cobrir os gastos de produção ou, em casos extremos, operando no negativo, nós temos um problema. O primeiro passo para resolver é descobrir o que tem gerado essa situação e elaborar um diagnóstico.

Lembre-se que ter alto volume de vendas nem sempre significa estar com o negócio no positivo. Geralmente,  problemas como este ocorrem por  falha na operação, onde os preços de venda estão muito baixos não gerando lucro suficiente para pagar os custos fixos, por exemplo. Por isso é importante contabilizar tudo de forma concreta, utilizando ferramentas e observando os números reais, sem deduções.

Outro erro diz respeito à falta de planejamento nos prazos de pagamentos, onde a empresa paga os fornecedores à vista, mas vende parcelado, gerando problemas de caixa sendo obrigado a apelar para empréstimos bancários.

Trace uma estratégia

Uma vez que o problema já foi identificado é preciso partir para o plano tático, que envolve a definição de metas e um planejamento financeiro bem elaborado. A partir daí é possível ter uma visão clara de onde a empresa pretende chegar e as ações que precisam ser feitas para alcançar os objetivos.

Defina metas

Esta etapa é serve para direcionar as estratégias e traçar um panorama da situação financeira atual do negócio. As metas devem ser estabelecidas pelo dono ou gestor da empresa, e precisam estar diretamente ligadas à visão estratégica do negócio.

Como fazer:
Olhe para os objetivos estabelecidos e defina algumas ações como:

– Planejar investimentos: equipamentos novos ou mais modernos, contratar profissionais, expandir a estrutura, realizar capacitações, etc.

– Reduzir custos: energia elétrica, telefone, internet, materiais de escritório, transporte, assinaturas, serviços, seguros, etc.

– Aumentar preço de venda: analisar a forma  que se está vendendo, realizar ajustes e definir margens de negociação.

– Investir em novos mercados: regiões, segmentos de produtos, lançamentos, etc.

Faça um plano Financeiro:

Antes de sair colocando a mão na massa, é preciso parar e olhar para o negócio como um todo, analisando-o de ponta a ponta e focando nos custos operacionais e construção do preço de venda.

Como fazer:

– Revisão dos custos operacionais: comece analisando os custos fixos (salários, aluguel, conta de energia, internet, material de escritório, etc), depois revise as despesas e identifique se é possível reduzir, seja na folha de pagamento, na locação do espaço  ou eliminar alguma despesa que não seja essencial para o momento.

– Revisão dos custos variáveis: depois de analisar os custos fixos, chegou a vez de revisar todos aqueles custos que variam de acordo com o resultado comercial obtido, ou seja, o valor da matéria-prima, os impostos das vendas de mercadorias ou serviços e a comissão da equipe comercial. Se possível tente reduzir ao máximo esses custos, buscando  fornecedores mais baratos.

– Revisão dos preços de venda: lembre-se: o preço de venda deve levar em consideração diversos fatores, incluindo os preços praticados pelos concorrentes, mas principalmente deve ser suficiente para garantir o lucro do negócio. Ao revisar os preços de venda leve em consideração a projeção comercial para cada período, por meio disso é possível calcular quanto o seu produto ou serviço deve custar para alcançar o lucro desejado.

– Fluxo de caixa: todo dono de empresa deveria andar com o fluxo de Caixa debaixo do braço. Essa poderosa ferramenta, quando projetada a médio e longo prazo, permite direcionar o plano financeiro de acordo com os objetivos do negócio, seja planejando novos investimentos ou reduzindo custos operacionais.

– DRE: o Demonstrativo do Resultado do Exercício é outra ferramenta tão importante quanto o Fluxo de Caixa. Isso porque, com ela, é possível analisar a saúde do negócio e obter uma visão gerencial da empresa, analisando importantes indicadores financeiros como lucratividade, rentabilidade, lucros, juros, impostos, depreciação e amortização.

Atente-se para a legislação:

Entender o modelo tributário que a empresa está inserida é fundamental, principalmente para quem deseja estruturar o negócio para crescer financeiramente. Isso porque a empresa pode estar pagando mais impostos do que deveria, comprometendo o caixa.

Outra situação, decorrente do modelo tributário, é estar pagando impostos a menos. Ao contrário do que muito pensam, pagar menos impostos é ruim pois pode acarretar punições à empresa como multas ou outras penalidades impostas pelo governo.